O edifício Eudoro Villela faz parte do Centro Empresarial Itaú, que conta com outros quatro edifícios administrados pela instituição. Batizada com o nome de E-5, a torre possui dimensões em planta de aproximadamente 40x40m, com oito pilares distribuídos na periferia e outros no núcleo central, onde estão localizados os elevadores, escadas e áreas de apoio. Com isso, vigas com até 20m de vão central e 10m de balanço em cada extremidade formam a fachada, que é semelhante a dos outros três edifícios do centro empresarial.

A edificação é composta de uma torre de 14 pavimentos para uso de escritórios, com uma praça no térreo e 7 pavimentos de subsolo. Anexo à torre, um outro edifício destinado a um complexo de geradores foi construído em estrutura metálica.

Um outro ponto de destaque do empreendimento é o túnel de ligação entre as torres, situado sob a Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira. A ligação subterrânea apresenta dois níveis: um destinado à passagem de veículos e outro à circulação de pedestres.

A obra da Torre Eudoro Villela está repleta de situações atípicas de engenharia, em virtude de suas várias fases de construção, o que faz com que esse empreendimento apresente inúmeros diferenciais técnicos.

Em virtude das necessidades de implantação do empreendimento, o método de construção adotado foi o da Construção Invertida, também conhecido como Top/down Method. Uma desvantagem desse processo foi a necessidade de pilares provisórios em perfis metálicos de até 18m de comprimento. Tais comprimentos demandaram medidas adicionais para a boa locação e verticalidade dos perfis. Posteriormente, no decorrer do processo, estes pilares provisórios foram incorporados aos pilares definitivos. Além disso, este método impôs uma dificuldade adicional que foi a escavação realizada sob lajes já executadas, exigindo uma logística bastante apurada.

Dentro da logística de retirada do material escavado, houve a necessidade da construção de uma laje utilizando concreto de alta resistência inicial, para suportar cargas elevadas devido ao tráfego de caminhões e equipamentos de escavação.

O uso de lajes com cerca de 6.000m² (55x110m), sem juntas de dilatação, foi fundamental para efetuar o travamento das paredes diafragma dos subsolos, conferindo rigidez a estas estruturas e dando continuidade ao processo de escavação. Assim, para evitar possíveis zonas de tensões de tração elevadas nas lajes e afim de combater as tensões oriundas do empuxo, da retração e das variações de temperatura, uma refinada modelagem computacional foi realizada com o uso do método dos elementos finitos. Para tanto, foi utilizado o software STRAP® para ações horizontais e Sistema Mix® para as ações verticais. Com a modelagem computacional, percebeu-se que o uso de algumas aberturas na laje em pontos de altas tensões de tração evitaria uma fissuração possivelmente elevada devida à retração. Dessa maneira, várias dessas aberturas foram projetadas na laje em pontos estrategicamente previstos e uma concretagem posterior foi realizada para preenchê-las após 6 meses da concretagem destas lajes.

Um outro ponto a ser destacado no projeto das lajes é que, na região das rampas, o efeito de arco no plano da laje foi considerado no cômputo do equilíbrio geral da parede diafragma. Assim, do ponto de vista puramente mecânico, a parede de contenção adjacente à rampa foi equilibrada por uma grande membrana de concreto com aberturas, com as tensões principais de compressão sendo transmitidas por efeito de arco. A rampa só foi construída após a execução de todos os subsolos, pois sua antecipação poderia, na interação com os empuxos, conduzir a altos esforços de cisalhamento nos pilares nos quais ela se apoiava.

Com o aumento da área construída e o desejo de utilizar os elevadores sem baldeação no térreo, foi necessário a troca do antigo conjunto de 8 elevadores para um de 10 elevadores. Porém, a caixa dos 8 elevadores já havia sido parcialmente executada até o nível do 1o. pavimento intermediário, os pilares parede existentes eram incompatíveis com as dimensões da nova bateria de elevadores e o cronograma de obras da torre não admitia folgas.

Desse modo, uma plataforma de vigas de transição em estrutura metálica foi apoiada sobre os pilares do conjunto de 8 elevadores existente, e o núcleo da torre que continha a nova bateria de elevadores foi construído sobre essa plataforma.

Essa medida fez com que a torre fosse executada sobre uma estrutura provisória. Enquanto isso, a estrutura definitiva estava sendo construída a partir da fundação, de maneira convencional. Assim que os pilares definitivos alcançaram o nível da plataforma metálica provisória, os elementos previamente existentes foram “cortados” cuidadosamente em pedaços menores e posteriormente retirados do local.

Na região do encontro entre os pilares sobre a plataforma e os pilares da estrutura definitiva, foi realizado um preenchimento com graute, onde existiam armaduras de espera previamente posicionadas, além de purgadores para o correto preenchimento do graute.

Todo esse trabalho de reforma foi executado com grande interação entre a França e Associados e a empresa responsável pela reforma desta região, a Compacta. Um dos fatores mais importantes a se destacar dentro deste contexto é que, durante todo este processo, o uso da parte inferior do edifício como escritório e a construção da torre transcorreram de maneira normal. Assim, não houve grandes interrupções das atividades da empresa durante a obra.

Na retomada da construção da torre em razão de demanda por área construída, havia a necessidade da inserção de mais dois pavimentos na torre em relação ao projeto original. Além disso, também era necessário um aumento no piso-a-piso para proporcionar um pé-direito maior do que o inicialmente previsto, para permitir uma adequação das instalações de ar condicionado para um sistema mais atualizado.

Também cabe ressaltar que algumas alternativas estruturais foram repensadas em relação ao projeto original da Torre Eudoro Villela. Dentre elas, destaca-se a adoção maciça da protensão em vários elementos estruturais. As vigas periféricas, por exemplo, que no projeto original eram semi-invertidas de concreto armado e possuíam dimensões de 30x150cm, com o uso de protensão aderente, passaram a ter seção de 50x98cm. Esta solução trouxe duas grandes vantagens: a primeira delas foi o ganho de velocidade no processo de produção da estrutura; a segunda foi o ganho de área útil para o escritório. Já nas vigas-faixa internas de conexão ao núcleo, foi utilizada protensão não aderente.

Arquitetura | Aflalo e Gasperini Arquitetos (torre) e Itaúplan
Incorporadora | Itaúplan
Área do terreno | 6.000m²
Área construída |75.000m²
Local | São Paulo, SP
Início do projeto | 1987
Conclusão da Obra | 2002

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